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19 de abr. de 2020

SÉRIE NOVOS POETAS DO AMAPÁ - 16 - NEGRA AUREA

Nota:
Esta série vai prosseguir até que possamos publicar e registrar, neste blog, o maior número possível de novos poetas.
Esclarecemos que aqui não fazemos juízo de valor nem apreciação crítica (apenas a divulgação!), mas são livres os comentários e opiniões dos nossos leitores e internautas, desde que pertinentes e referentes aos textos -- e não ofensivos, é claro.
O conteúdo, revisão ortográfica e gramatical dos textos são de inteira responsabilidade dos seus autores, bem como o copyright.


                                   Aguarde para breve mais um novo poeta!





CONSCIÊNCIA DA MULHER NEGRA


Fui classificada ao máximo na cor, na aparência, na estatura.
Na fala, no beiço, nariz e cabelo, a custa de pau, pão e pano.
A Diáspora traçou meu destino, Mama África ficou para trás.
A dor que imperava no “Tombadilho”, era que liberdade, eu não tinha mais.

Ao avistar a terra do novo mundo, apesar da beleza natural.
Foi-me imposto costumes e um nome, me distanciando de meus ancestrais.
Mas não puderam calar minha voz, meu tambor, meu afoxé, meu berimbau...
Meu jeito, meu credo, minha dança, incomodava destemidas rivais.

Muitas lutas eu resisti, no quilombo me refugiei.
Pus em prática o que de raiz aprendi, pois esse chão era minha nova grei.
Regado com sangue fraternal, liberdade no papel alcancei.
Pura demagogia racial, não foi inclusa no social.

Mesmo sendo parte do global, pelas conquistas de direitos, lutei.
Mas a nomenclatura magistral me resumia apenas aos três ps.
Difícil ser negra, em plena política do branqueamento.

Hoje com as conquistas vindouras, tenho meu livre arbítrio.
De mostrar o que sou e o que faço, afirmo-me do pó ao aço.
A minha identidade reflete pura beleza.
Que rufem os tambores, pois quero dizer:
“Viva a Consciência da Mulher Negra”!


AMAZÔNIA DE PÉ


Úmida floresta da América do Sul.
Refletes em tuas águas, o imponente céu azul.
Influencias o equilíbrio ambiental.
Ao planeta tens papel principal.
“SOS Amazônia”, grita quem sabe amar.
Quem em seus rios se banha e nas matas a fome vem saciar.
Verdejante, majestosa, obra-prima imperiosa.
No rebojo das falácias, minhas lágrimas copiosas
Molhando o rosto que estremece, da brutalidade asquerosa.
Líderes sem escrúpulos, não veem o absurdo.
Que podem causar dores, a ti floresta e aos moradores
Visam ser a razão, derrubar-te em teu próprio chão.
Acordos milionários, ferem direitos minerários
Ao extrair do teu interior recurso de mui valor.
Oh!  esfera monumental! De fauna e flora excepcional.
O povo da floresta não abre a guarda.
Indígena, quilombola, ribeirinho e muito mais.
A Renca é um alento pra esta esbelta nação.
É ordem e progresso? Ou desordem e extinção?
Recua o inimigo movido pela pressão.
Manter a vigília, já!, suspender não é revogar.
Vai que o inimigo resolva, com a caneta rabiscar
Comprometendo o destino de todos os amazônidas.
Por ti, todos juntos, num grito de fé:
 “Queremos a Amazônia de pé”


RIO AMAZONAS

Desfilas tuas ondas nas correntes do teu leito.
Onde permeiam aturiais, maçaricos,
No mesmo espaço marítimo.

Dias ensolarados, noites enluaradas,
Metamofosam tuas águas,
Camaleando o placar,
Ora ouro, ora prata.

Barrenta, cristalina e turva,
Fria, quente, clara, escura,
Brilham, brilham em noite de lua.

Com ciliares altas e frondosas,
Fauna e flora relicárias.
Clorofilam os olhos meus,
Celeiro natural, paraíso cultural.

Jaz em ti meus ancestrais.
Do ribeirinho és o caminho,
Correntezas que banham artistas,
Que vivem no palco da vida.

Imponente Rio-mar,
Fissuras o cais, com tua fúria.
Mostrando a todos tua bravura.

Teu rito pluvial
Tem grande potencial.
Deleite popular,
Costume milenar.

Hidro-Amazônia histórias,
Guardadas em nossas memórias
Dos repiquetes que desembocam,
Lançantes, marés, pororocas.

O gingado de tuas ondas,
Balanceiam, balanceiam,
Como as voltas das saias,
Das negras marabaixeiras

Oh! saudoso Amazonas
Quem não conhece não sabe contar
Quem toma de tuas águas
Encantam-se no dessedentar

Oh! Rio-Mar
Quão lindo é o teu bailar
Em cada ângulo ocular
Quero em ti minha’alma banhar.

Oh! saudoso Amazonas!
Quem te conhece sabe contar.
Quanto ao teu desfilar,
Em frente de Macapá.



NICHO DE IDENTIDADE


História de negros
Atravessam séculos de resistência.
Da África para o Brasil
Contribuindo com arte, garra e ciência.

Trajetória, memórias, práticas sociais.
Visíveis e vivas, nos traços culturais.
Riquezas presentes em plena Amazônia
Combatendo sempre ideias antagônicas.

Amapá! Amapá! Sempre porteira
De persistentes laços na fronteira.
Em seu solo a cultura floresce.
De Norte a Sul, o legado enaltece.

Nicho de identidade.
Cheiro, sabor, tom e imagem.


MACAPÁ

Macapá, terra boa de morar.
Bonita mata! lindo céu!
Há beleza no Rio-Mar!
Pedra do Guindaste, aves a voar.
Saúda quem está a chegar.

Sentinela Altaneira.
Com o nome de palmeira.
Recanto sagrado e amado,
És riqueza brasileira.

Com olhar de vencedores,
E amor no coração.
Ao som de flauta ou tambor,
Cantamos a sua canção.

Bacaba, Macapá.
Origens Tupis,
Raízes quilombolas.
Vislumbra a glória,
Ao anoitecer, desde a aurora.

É grande a diversidade
Da iguaria regional.
Exaltam a fauna e a flora,
Nativas neste local.
Deleite é a Linha do Equador.
A Fortaleza é um primor.
O Rio Amazonas é viril.
Encantos da terra varonil.

Capital no Meio do Mundo.
Macapaba, Tucujulândia,
Metropolitana, Morena açucena,
Joia da Amazônia.

Tens Áurea Auriflama,
Que enaltece a quem povoa.
Que aguerridos e militantes,
Seguem firmes e triunfantes.

Em plena época de desmonte,
Marea na resistência.
Combatendo a diplomacia,
Com arte, garra e ciência.

Com seu artesanal
Embala os festivais.
É forte o manancial
Das manifestações culturais.

Parabéns a Macapá!
Do Marco Norte ao Marco Sul.
Brilhai como o Equinócio!
Adorável terra Tucuju!



IGARAPÉ DAS MULHERES

Igarapé, Igarapé das Mulheres,
Onde o lavar e espremer,
Expressa a rotina do viver.

Igarapé das Mulheres,
Onde a cantoria enaltecia,
Laços de companhias.

Igarapé das Mulheres,
Hoje lavas a lida,
Das produções agrícolas.

Igarapé das Mulheres,
Espremes teu natural,
Com crise ambiental.

Igarapé das Mulheres,
Do peixe, do camarão,
Te amo de coração.




MAZAGÃO

Mazagão! Oh! Mazagão!
De Mazagão africana,
Para a Mazagão Brasil.
Mazagão do Amapá,
Mazagão do Rio Mutuacá

Do bélico à agricultura
Mazagão não morreu.
Verdadeira regeneração,
Através da fertilização.

Nome de origem Árabe,
Traduz criatividade, coragem.
Lider, pioneiro, independente.
Mazagão de afrosdescendentes.

Epidemia e viradeira,
Épocas de grandes asneiras.
Hoje Mazagão floresce,
O crescimento prossegue.

Localidade histórica
Com suas regiões bucólicas
Cachoeira e paisagens naturais.
Fazem grandes diferenciais

De combatentes a lavradores
Avante, mazaganenses!
Autoestima, fortalecimento,
Acolhida, pertencimento.

Festa de São Tiago
Pombinhas do Divino.
Recital das preces.
O tocar dos sinos.
O rufar dos tambores,
A peleja entre cristãos e mouros.
História, trajetória, memórias...

Mazagão ancestral e atual
É Mazagão cultural.
Cantinho do Norte,
De população nobre.

Seu tradicional rito religioso,
Cavalhada, encenação.
Aparição do Santo protetor
Cujo povo cultua com amor.

Mazagão! Oh Mazagão!
De Mazagão africana,
Para a Mazagão Brasil.
Mazagão do Amapá,
Mazagão do Rio Mutuacá
Quero te ver sempre brilhar.


MUNICÍPIO DO ITAUBAL DO PIRIRIM


É com muito prazer
E grande satisfação.
Que estou a homenagear,
As terras deste Torrão.

E desta vez vou mencionar,
O município de Itaubal.
Que cresce culturalmente,
Com grande potencial.

Um recanto no Sudeste do Amapá,
Que a todos contagia.
Pois, sua beleza natural,
É de esplêndida magia.

Seu topônimo vem da itaúba,
Madeira de lei comercial.
Na flora nativa era abundante,
Pois deu nome ao local.

Cortado por rios e lagos,
Exibe sua diversidade.
Como parte da Amazônia,
É uma exuberante localidade.

Famílias, vindo do Bailique,
Em busca de terra pra morar.
Pra trabalhar com lavoura,
Queriam uma terra boa.

Com o passar do tempo
Chegaram levas de imigrantes.
E o pequeno povoado,
Tornou-se um vilarejo deslumbrante.
Mais tarde, de Distrito a Município,
O povo logo preferiu.
Itaubal do Piririm,
Fica à margem direita do rio.

Lugar que se planta e dá,
Se tiver a manha de cultivar.
Com a enamorança da lida,
Quem planta amor, colhe guarida.

Tem como padroeiro São Benedito.
Respeitado, aclamado e mui querido.
Prestigiado com devoção pelos itaubalenses,
Aumentando a fé de amigos e parentes.

Na segunda quinzena de dezembro.
É o festejo do Santo Protetor.
Vem gente de toda a direção,
Prestar-lhe grande veneração.

A reverência resulta,
Em bastante fé e folia.
A cidade resplandece,
Com múltiplas regalias.

Tens evento marajoara,
Oh! Piririm do Amapá.
Grande espontaneidade!
Como criança, vives a bailar.

Ergue forte teu Brasão!
Hasteia tua bandeira!
Ao som de bela canção,
És da nação brasileira!


Com identidade própria,
Liberdade e soberania.
Tens honra e dignidade,
Contra toda tirania.

Gente linda, gente amiga.
Encanta quem vem visitar.
Fauna e flora numerosa,
Deleite do Amapá.



QUILOMBO

Lugar arejado, núcleo de resistência.
Quilombo, mocambo ou terra de negros, fortificação.
Lugar arejado de meus antepassados.
Que hoje evolui com a cultura de um povo miscigenação.

Quilombo é habitação, quilombo é evolução.
Tem escritores, jornalistas, tem poetas e muitos artistas.
Quilombo é meu próprio chão, que amo de coração.
É um espaço natural que cultiva o cultural.

Quilombo é criatividade, quilombo é irmandade.
Tem um jeito diferente dos que vivem na cidade.
Quilombo vive a bailar nas cantorias que tem por lá.
Quilombo é assim é pra viver e ser feliz.

Quilombo é garra, é raça, quilombo é a nossa casa.
Trabalha com a natureza e faz dela fortaleza.
Quilombo é um pedaço da África em plena Amazônia.
Que dança Marabaixo e faz suas cerimonias.

Quilombo não é só tranquilidade, é luta pela equidade.
Hoje faz sua resistência com arte e ciência.
Quilombo é manifestação pela posse e preservação.
Quilombo é um aglomerado, é um abrigo considerado.


QUILOMBO DO AMBÉ


Indo por fora na BR 156
Ou por dentro, na AP 210.
A 80Km de Macapá
Está a comunidade do Ambé.

Ambé era um cipó.
Que existia em grande quantidade.
Desse vegetal resultou,
O nome da comunidade.

População agropecuarista.
Campo verdejante, bela pastagem.
Famílias do Rio Pedreira
Formaram essa irmandade.

Manoelzinho do Ambé.
Um grande desbravador.
Que achando terra fértil,
Pra lá sua família levou.

Picanços, Pereiras e Souzas,
Ali miscigenaram.
Com Ramos, Silvas, Machados, Prazeres,
A vila povoaram. 

Tem igreja com mirante
São Roque é o padroeiro.
E os moradores festeiros.

Agosto é de devoção,
Coração de gratidão.
Foco nas ladainhas e procissões.
É festividade! É comemoração!

E a cultura se instala
Com baile e marabaixo.
Jogos, bingo e leilão,
Corrida e muita diversão.

Afirmação identitária,
Resgate da própria história.
Faz do lugarejo Ambé
Uma Comunidade Quilombola.

No dia a dia presença marcante,
De diferentes formas de produção,
Com consciência de empreendedores
No retirar e repor com precaução.

Cantinho nobre do Amapá,
Um reduto na sociedade.
Que estás sempre a lutar,
Por conquistas e identidade.

O canto da liberdade
É entoado com fé.
Viva a cultura dos afros!
Da Comunidade do Ambé.




COMUNIDADE QUILOMBOLA DO CRIAÚ


Das palavras cria de criar e mú de gado
Formou-se a palavra Criamú
Que com o passar do tempo
Evoluiu para Curiaú      
     

Cria-ú de fora, Cria-ú de dentro
Cria-ú debaixo, Cria-ú de cima
É uma linda vila
Você nem imagina!

Localizada na AP-70
A 12km de Macapá.
De fauna e flora diversificada
Lugar bom pra se banhar.

Tempos atrás era apenas um lugar
Onde negros escravizados vieram morar.    
Refugiados sim, mas para garantir
A liberdade que temos aqui.

Hoje considerada como APA
(Área de Preservação Ambiental)
Para que a população e seus recursos
Mantenham sua beleza natural.

É uma Comunidade Quilombola,
Peixes! Garças! São a graça do lugar.
Marabaixo e batuque
No terreiro da tia Chiquinha.
A cultura negra está presente
Na história do Amapá

Salve a Santa Maria
Salve São Joaquim
E salve o Santo Antônio,
Que são padroeiros daqui       
Pois no toque do tambor,
Minha vida é um esplendor!      
Quilombo é habitação.

Quilombo é evolução.
Tem escritores, jornalistas,
Tem poetas e muitos artistas
Quilombo é o meu chão,
Que amo de coração.




COMUNIDADE QUILOMBOLA MARUANUM


O Distrito do Maruanum,
Localizado a sudeste do Amapá.
É uma comunidade quilombola,
A 80 km de Macapá.

Originou-se de uma tribo indígena,
Que habitava na região.
Maru e Anum foi o último casal,
Que restara naquele local.

Alguns escravos fugitivos
Chegaram com potencial.
Tornando-se novos moradores,
Mudando o Contexto cultural.

A maioria da comunidade      
São remanescentes de africanos
Que fugiram da escravidão
No período da Colonização.


Bem recebidos, pelo casal de índios,
Os quais quiseram agradecer.
Juntando as palavras: Maru e Anum,
O nome da comunidade veio aparecer.

Maruanum, lugar de ecoturismo,
Com fauna e flora, presença natural.
Com campos e várzeas, beleza exuberante!
Destacando seu poder artesanal.

Técnicas de negros e índios.
Senhoras artesãs abraçam o legado.
Associação de louçeeiras,
Praticando a arte com barro molhado.

É uma comunidade estrutural,
Valoriza o ecológico e o cultural.
Um pedaço da África em plena Amazônia,
Que dança Marabaixo e faz suas cerimônias




COMUNIDADE QUILOMBOLA TORRÃO DO MATAPI


Torrão do Matapi
Iniciou com um cafezal
O Sr. José Arthur Torrinha
Era dono daquele local.

Situada na BR-156
Na Rodovia Macapá–Jarí
Em cima de um grande Monte
Formou-se a Comunidade do Matapi.

Seu Pedro Mendes e D. Cândida
Negros, escravos de Mazagão
Vieram com toda a família
Morar naquele Torrão.

Como caseiro no cafezal   
Trouxe o sustento ao seu lar.
Seus filhos cresceram e se casaram
Formando uma comunidade familiar.


Com o sumiço do Sr. Torrinha
E de Pedro Mendes, a eternidade.
Seu Benedito, o Bilozão
Registrou em seu nome a propriedade.

Distribuindo a cada irmão
Um pedaço daquele chão.
Surgiram mais duas vilas,
Trazendo grande transformação.

São Benedito é o padroeiro
Daquela localidade, o principal.
Mas ainda tem a Sra. de Assunção,
E São Tiago do Torrão.

Ali, o folclore é marcado
Pela cobra grande que apareceu
Assustando toda a população,
No Porto do seu Bilozão

É uma história verídica
Que resultou em composição.
Cantada e tocada por Ronaldo Silva
Com muita inspiração.



COMUNIDADE QUILOMBOLA DO CURRALINHO


“É ali, lá no curralzinho”
Era assim que todos diziam.
E por causa dessa expressão,
Todos, esse lugar, conheciam.

É um cantinho sossegado,
Gente chegando bem de mansinho.
Da Ilha Redonda e do Criaú.
Formando o Curralinho.

No início, só tinha um capoal,
Pois era um pequeno curral
Que bicho nenhum cercava,
Mas deu nome ao local.

Curralinho é uma comunidade nova
Que tem apenas 90 anos.
Com muita história e tradição,
Quem deu nome foi seu Mariano.

Na BR-210 fica situada,
A 11 km de Macapá.
Depois do Posto Policial,
Dobrando à direita, num ramal.

Os comunitários vivem de roça,
De horta e criação do quintal
Pra alimentar as famílias
Ou vender nas feiras da Capital.    

Os Programas Federais
Ajudam também esse povo
Que faz voto profundo
Na festa de São Raimundo.

No culto ao Glorioso Raimundo,
Que é santo de devoção,
Quando começa a festança,
Vem gente de toda direção.

Do curralzinho a Curralinho,
Tornou-se uma grande comunidade.
Que evolui culturalmente,
Com seus afros remanescentes.




VISTA A MINHA PELE

De uma terra muito distante
Vieram os negros para o Brasil.
Deixando famílias, riquezas e amigos
Pra construir um novo País.

Destruíram seus mocambos
Negro morreu de banzo
Despojaram seus ideais,
Abafaram sua cultura demais.

Aqui neste País,
Terra de encantos mil.
A luta de Zumbi,
Valeu pra mim e pra ti.

Mas o rufar dos tambores,
E a sinfonia do berimbau,
Tornou meu quilombo ideal.

E com a Lei 10.639,
Minha escola ficou forte.
Do currículo escolar,
Vou então participar.
Hoje tenho felicidade
Em poder declarar minha identidade.

Sou Negra!
Sou negro!
Vista a minha pele!
Vista a minha pele e venha comigo sambar.
Vista a minha pele e capoeira vamos gingar.
Vista minha pele e vamos todos marabaixar.



MULHERES EMPODERADAS

Marabaixo é tradição no quintal da tia Chiquinha
Marabaixo é tradição com Gertrude ou tia Venina
Marabaixo é tradição com floridas indumentárias
Marabaixo é tradição com Danielle, Naíra e Laura.

Pega de cá, ou pega de lá, todas vieram pra somar.
É a mulherada empoderada no Estado do Amapá.
Então pega de cá ou pega de lá, roda a saia sem parar
É a mulherada empoderada no Estado do Amapá.

Marabaixo é tradição lá em Mazagão.
Verônica dos tambores toca um ladrão!...
Marabaixo é tradição em Campina Grande.
Chama a Del e pega as caixas
Que tu vai ver o que é cantar, comadre.

Marabaixo é tradição, as moças do meu Torrão,
Com suas saias rodadas, volteiam no barracão.
Marabaixo é tradição, pra toda geração.
Tem meninas que não perdem um arrasta-pé no salão.


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Maria Aurea dos S. do Espírito Santo
Negra Aurea



INFORMAÇÕES SOBRE A AUTORA

        Maria Aurea dos Santos do Espírito Santo, que adotou o nome literário de “Nega Aurea”, nasceu em Igarapé-Miri no Pará em 23 de setembro de 1971 e desde a adolescência criara alguns rabiscos poético.
        Mora em Macapá desde 1996. É Mestra em Ciência da Educação pela UNINTER- PY.
        Quando aqui chegou observou o legado cultural que tinha o povo amapaense relacionado aos tucujulenses e aos afros brasileiros.
 Identificou-se com a cultura de seus ancestrais e teve oportunidade de aguçar a luta de resistência contra toda e qualquer tipo de prática pejorativa. Participou de vários debates, movimentos sociais, conferências, festivais de músicas, sentiu vontade de contribuir com a literatura local, dando visibilidade à mulher negra na poesia. Para tanto compôs livres temáticas, com as quais se destacou. Foi em defesa da Relação Étnico-Racial. Ao notar sua história nos livros didáticos, parada no tempo e no espaço, trouxe um novo olhar poético, baseado nas correntes humanistas, a fim de serem exploradas pedagogicamente.
Dona de um estilo muito pessoal, fala e escreve com propriedade, o que tornam seus textos dignos de atenção dos leitores e da crítica.
Maria Aurea dos Santos é Acadêmica Correspondente da Academia Igarapemiriense de Letras (AIL), faz parte da ALIEAP – Associação Literária de Escritores no Amapá e participa ativamente dos eventos literários do Estado do Amapá. É também uma das precursoras do Movimento Literário Afrologia Tucuju, movimento próprio do Estado do Amapá que visa a valorização do povo negro através das diferentes temáticas como: Historicidade, subjetividade, religiosidade e autoestima do negro.
Maria Áurea é educadora e procura incentivar a adesão de novos leitores e escritores, através de seus recitais, oficinas de construção poética, saraus e palestras.
 É a sua forma de contribuir com o desenvolvimento da literatura poética, sendo a escrita, a forma artística que utiliza para desbravar a liberdade de expressão, fazendo de sua consciência identitária, sua bandeira de luta.
Em seus textos é possível encontrar uma vasta experiência ao escrever a vivencia do povo brasileiro, com destaque à Amazônia Negra.
A poetisa Maria Aurea possui como contato: (96) 991743388 (Wat), e-mail: aurea.santos10@gmail.com, suas poesias podem ser encontradas no Recanto das Letras: Aurea Santos e seus vídeos no canal do Youtube: Negra Aurea; Instagram: “negraurea” e facebook: Maria Aurea dos Santos.



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