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12 de abr. de 2020

SÉRIE NOVOS POETAS DO AMAPÁ - 14 - TIAGO QUINGOSTA


Nota:
Esta série vai prosseguir até que possamos publicar e registrar, neste blog, o maior número possível de novos poetas.
Esclarecemos que aqui não fazemos juízo de valor nem apreciação crítica (apenas a divulgação!), mas são livres os comentários e opiniões dos nossos leitores e internautas, desde que pertinentes e referentes aos textos -- e não ofensivos, é claro.
O conteúdo, revisão ortográfica e gramatical dos textos são de inteira responsabilidade dos seus autores, bem como o copyright.


                                   Aguarde para breve mais um novo poeta!










Macapaba

“Macapaba” é lugar de muitas bacabas,
já “Macapá”, ela gosta de brincar.
Às vezes é rosa branca açucena,
às vezes é pérola azulada,
às vezes é joia menina da Amazônia.
Pra mim, é horizonte cerúleo,
cheio de andorinhas e
próspero aos enamorados,
que como aquelas,
querem fazer verão lado a lado.





Rio de mim (com Annie de Carvalho)

Boca do Amazonas,
rasga-me com teus dentes,
mastiga minha solidão,
engole meu receio
e depois me beija.

Encharca minha mente,
minha natureza selvagem.
Necessito de ti, inunda-me, arrasta-me.
Em teus bancos de areia,
afoga-me e salva-me.

Quero ser o teu afluente,
tua bacia hidrográfica.
Drena meu sangue e faz-me tua corrente.
Mergulha meus medos
e minhas lágrimas.

Nos teus braços eu quero
um acalento voraz,
sedimenta então minha dor.
Entrego-te tudo o que me apraz,
nem que seja para jogar-me nas tuas afiadas pedras.

Tua vazão já me mataria
por não a suportar.
Dói!
Mas ficar sem ti é morte súbita.
Leva-me ou me destrói!





Boca de abiu

Tua boca doce de abiu
é ímã para minha perdição.
Quanto mais eu chupo,
mais me prendo.
Só deixo teus lábios quando fico sem ar...








Regaço

A minha dor eu carrego no baço,
meu nego,
ela só passa com o teu afago.

A minha dor se enraizou,
meu nego,
bateu o pé e então ficou.

Pele fria não me arrepia,
meu nego,
a tua tem é que queimar a minha.

... Porque a minha dor eu carrego no baço
e ela só vai passar no teu regaço.

                  Makida





Ladrões de Marabaixo quentinhos

Vou transformar teus closes errados em ladrões de Marabaixo.
Todo mundo vai saber que pões os outros para baixo.
Então te contenta contigo, meu nego.
Acaba com essa de “vem cá, meu chamego”!

                  Makida





Herança inscrita em água

Samaúmas flamejantes dançam
para os povos indígenas massacrados pela cobiça do europeu,
para os negros escravizados jogados no mar depois de Aberdeen.
O chão é o mesmo, o rio é o mesmo,
todavia a estrada de fósseis é invisível.

Vagas anciãs dançam aos pés do menino,
que mundia a Sucuri.
Vagas que o envelheceram para a utilidade dos dias.
Carrapateira qual foz em delta espalhou-se na alma,
misturando águas claras às estrelas de argila.

Os olhos magmáticos da mãe
espiam ao longe as peripécias do menino,
que não teme os bichos da noite, que execra o dia
e por mais que se tente abraçá-lo,
já está enovelado no manguezal de chumbo da vida.







Amarrado

Estou amarrado a esta bacabeira,
mesmo quando a água do rio sobe.
Minha missão é aqui.
Deve florescer mais uma alma pobre.

Continuarei sem subir em palmeiras altas.
Há pouco responsabilizava Deus pela irracionalidade do homem.
Inquiria o que vinha primeiro, a existência ou a essência?
E esquecia-me de que antes da missão vem o manguezal do delírio.

Hoje quero lama para me batizar,
mangue para afundar e renascer,
sentindo a diferença de me livrar do peso dos erros e acertos
do passado que reaparecer.








Ilhado

Calas os japiins e os jurutis,
espalhas as andorinhas,
depenas os papagaios,
sangras as samaúmas,
secas os tajás,
apodreces as mangas e jambos,
matas açaizeiros.
Mudas o curso d´água,
trocas os hemisférios,
esfrias os dias,
expulsas o sol mais cedo.
Furas as caixas,
rasgas as saias,
tornas sórdidas as açucenas,
afugentas os botos,
tiras o brilho das piabas,
afundas batelões.
E continuo aqui,
deitado sobre a palha,
subjugado
fazendo amor,
enquanto o incêndio destrói toda a taba.





Aluvional

Todas as noites, deito-me neste solo misterioso,
de identidade perdida em véus anciãos.
Espero águas desconhecidas
subjugarem-me.

Ineficazes em me arrancar pela raiz,
voltarão frequentemente,
em tentativas cada vez mais irascíveis.

Eis-me aqui, corpo preso à várzea, pele una com a vegetação.
Vejo lagos nascerem e morrerem
e estrelas caírem
na minha pseudoimpavidez.

Ainda que o corpo se desprendesse de suas raízes
- haveria uma ação reflexiva aqui -
persistiria um peso indizível, impronunciável,
que, não impossível, um novo curso d´água compreenderia um dia.

Meu Povo, Minha História

Dos Aristés e Cunanis aos Galibis, Waiãpis, Palikur e Karipunas.
Do Adelantado de Nueva Andaluzia ao povoado de Macapá.
Da Capitania do Cabo Norte ao Território.
Do Território ao Estado.
Da Vila de São José de Macapá à Cidade de Macapá.
Do Forte de Santo Antônio à Fortaleza de São José.
Dos nativos aos escravos.
Da Mazagão Africana à Nova Mazagão.
Da Nova Mazagão ao Mazagão Velho.
Das drogas do sertão ao ouro.
Do Contestado à República de Cunani.
Da República de Cunani ao Laudo Suíço.
Da Lenda da Pororoca à Lenda da Pedra do Guindaste.
No Amapá, histórias, lendas, mitos, pessoas, crenças, vidas existem...
E ainda há quem diga que não...
Deve ser porque nem toda história que alguns assistem
Passa na televisão!
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BIOGRAFIA TIAGO QUINGOSTA


Tiago Quingosta, também conhecido como Le Gothique Morbidus, nascido em 11 de setembro de 1987, na cidade de Macapá – Amapá, é servidor público, especialista em Direito Processual Civil, escritor e poeta inspirado pelos autores românticos, naturalistas, simbolistas e também de traços dadaístas e surrealistas.
Escreve há mais de 13 (onze) anos e possui, hodiernamente, uma vasta obra literária, mais de 1.500 (mil e quinhentos) poemas, sendo alguns escritos em inglês, espanhol e francês. Outrossim, possui contos, fotopoemas, 1 (um) curta-metragem poético em parceria com o Núcleo de Produção Audiovisual do Amapá – Imersio - e outras produções.
É um dos membros fundadores da Associação Cultural Pena & Pergaminho – P&P e é membro da Associação Literária do Estado do Amapá – Alieap.
O escritor e poeta foi eleito pela sociedade civil organizada (segmento da Literatura) como Conselheiro de Cultura do Estado do Amapá, para o biênio 2015/2017 e reeleito para o biênio 2017-2019.
Participou ativamente da 1ª e 2ª FLAP´s – Feiras do Livro do Estado do Amapá, ministrando palestras, compartilhando saberes em mesas redondas, realizando noites de autógrafos, participando de intervenções literárias, bem como falando da poesia amapaense em escolas públicas do Estado, pelo projeto conhecido como Rufar. Já participou, igualmente, da IV FLIMAR – Festa Literária de Marechal Deodoro, Alagoas.
Já flertou com o teatro, tendo participado dos Espetáculos O Sequestro do Monteiro (como curupira) e o Auto do Menestrel (como menestrel), dirigidos por Tina Araújo e Daniel de Rocha em parceria com o Centro Cultural Franco Amapaense.
O Primeiro concurso de poesias que lembra ter participado ocorreu por volta de 2006, época em que havia ingressado no curso do Centro Estadual de Língua e Cultura Francesa Danielle Mitterrand; foi organizado pela professora Maria José; No Concurso de Poesias em Francês conquistou o 3º lugar.
Teve poesias suas selecionadas/publicadas na Antologia Poética 2012, da editora Vivara e na Antologia Brasilidades - v.5, da Câmara Brasileira de Jovens Escritores, bem como foi selecionado e publicado na Antologia de Microcontos de Humor realizada pelo Município de Piracicaba/SP. Igualmente, foi agraciado pelo Governo do Estado do Amapá 2 (duas) vezes com o Troféu Equinócio da Palavra, entregue, respectivamente na 49ª e 50ª Expofeira Agropecuária do Amapá.
No começo do ano de 2013, teve 5 (cinco) poesias publicadas na Agenda Arte Literária, do Grupo Poético e Teatral Abeporá das Palavras. Em março do mesmo ano ficou em 3º Lugar no III Varal Literário do Encontro Amapaense dos Estudantes de Letras. Ainda, No primeiro semestre de 2013, juntamente com o poeta Rodrigo Ferreira, teve seu projeto do Livro Foz Florescente (OffFlip, Brasil, 2013) selecionado pelo concurso cultural do Edital Simãozinho Sonhador, realizado pelo Governo do Estado do Amapá, tendo lançado o livro intitulado com o nome do projeto no segundo semestre de 2013, seu primeiro livro.
No primeiro semestre de 2014 teve 5 (cinco) poemas selecionados para a VI Antologia de Poetas Lusófonos, organizada pela cidade de Leiria – Portugal.
Também, teve 2 (dois) poemas selecionados na Antologia Literacidade - Para amar em todos os tons: em rosa em roxo em rubi; 1 (um) poema no 4º Concurso Literário Pague Menos; 1 (um) poema no E-book Verão Caliente da Editora Três Macacos; poemas nos E-books Sete Estações Poéticas e O Mosaico dos Raros, ambos organizados pelo poeta amapaense Marvin Cross; foi publicado na Coletânea Poesia, organizada pelo grupo Palavra é Arte no final de 2014.
No primeiro semestre de 2015 teve seu conto “Alma equatorial” selecionado entre os vinte melhores contos que compõem a Antologia do Prêmio Rosa Negra de Literatura 2014/2015, da editora amapaense Rosa Negra, e ficou em 9º Lugar no Concurso Poético Galinha Pulando, organizado pelo ilustre poeta baiano Valdeck Almeida de Jesus; teve dois de seus microcontos selecionados para a Antologia de Microcontos Fragmentos do Medo, da Editora Três Macacos.
Ainda, no primeiro semestre de 2015 recebeu o Prêmio Poesia ao Vinho de Literatura, por melhor declamação, premiação organizada pelo projeto amapaense homônimo. No segundo semestre de 2015 ficou em 5º lugar na categoria adulto outras cidades, do III Festival de Haicai de Petrópolis.
O autor também participa da I Antologia do Consulado da Poesia: Quatro Estações, lançada no primeiro semestre de 2016.
No segundo semestre de 2016, mais uma vez, ficou entre os 100 melhores poetas contemplados na Antologia das Farmácias Pague Menos - 5º Concurso Literário Pague Menos.
Em dezembro de 2016 lançou, juntamente com os escritores Lara Utzig, Samila Lages, Rodrigo Ferreira, Genniffer Moreira e Gûlval Auridan Júnior, o livro Trilogia Poética: Os Opostos Existenciais (Chiado, Portugal, 2016). 
No Primeiro semestre de 2017 lançou um curta-metragem poético chamado Imersio que produziu e dirigiu, juntamente com o Núcleo de Produção Audiovisual do Amapá. No segundo semestre foi selecionado pela Editora Chiado para compor a II Antologia de Poesia Brasileira Contemporânea - Além da Terra, Além do Céu, obra com a poesia de 1500 poetas brasileiros, selecionados dentre 8.000. Em novembro de 2017 teve seu curta-metragem poético Imersio selecionado para exibição na 14ª edição do Festival Imagem-Movimento (FIM).
Já no primeiro semestre de 2018, lançou, através da Alieap, juntamente com vários escritores amapaenses, a Antologia Poemas, Poesias e Outras Rimas (Scortecci, Brasil, 2018).
Em maio de 2018, juntamente com mais 39 escritores brasileiros, foi selecionado para integrar a Antologia do V Prêmio Literário Cidade Poesia, promovido pela Associação de Escritores de Bragança Paulista, concurso em que recebeu, inclusive, menção honrosa. Ainda no mês de Maio, teve poesia selecionada pelo Prêmio Poesia Agora - Outono, da Editora Trevo.

Julho de 2018 – Ficou em 3º lugar no 3º Prêmio Flor do Ipê, categoria Poemas Adultos, organizado pela Universidade Federal de Goiás – Regional Catalão e Editora Letras do Cerrado.

Agosto de 2018 – Foi um dos organizadores do Fórum do Plano Estadual do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas do Estado do Amapá, evento realizado pelo Ministério Público do Estado do Amapá que reuniu centenas de profissionais dos respectivos segmentos, para aprovação do PELLLB, mais importante marco para as políticas do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas do Estado do Amapá.

Dezembro de 2018 – Publicação da Antologia Jaçanã: Poética sobre as águas, para a qual foi selecionado juntamente com 30 poetas da Região Norte.

Março de 2019 – Lançamento da Antologia Pena & Pergaminho, contendo poesias de 40 poetas do grupo. A Antologia foi organizada por Tiago Quingosta.

Maio de 2019 – Selecionado no 7º Concurso Literário Pague Menos.

Dezembro de 2019 – Recebeu menção honrosa no II Prêmio Amazônia de Literatura.

Juntamente com a poeta Annie de Carvalho vem apresentando o Recital Poético Liras e Mocambos, no qual recitam poesias de poetas amapaenses da 1ª à 5ª geração. Já apresentaram o Recital em vários eventos culturais da cidade, incluindo o Macapá Verão e datas comemorativas da Literatura.
É autor de 6 (cinco) fanzines: Le Gothique Morbidus, Haicai, Darkness then light, Alétheia, Heteronímia e Emoções de Dois Gumes.
O autor publica suas obras em meio eletrônico, a saber, no blog http://www.aguasdolethe.blogspot.com  e no Grupo Poético do qual faz parte, Pena & Pergaminho, na rede social Facebook. Também as divulga na sua Página Águas do Lethe, do Facebook, no site Recanto das Letras (desde 2005) e nos grupos Poetas Amapaenses, Respingo, Gritos Poéticos, Castelo Literário e Arena dos Poemas (Vitrine), sendo os cinco grupos referidos da rede social Facebook.

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