Nossa intenção é sempre contribuir com os alunos e professores que buscam conhecer os autores e as obras produzidas aqui no Amapá, tanto as contemporâneas como os poetas da Primeira Geração dos anos 60 que se imortalizaram através da antologia "Modernos Poetas do Amapá".
Seja bem-vindo, Caro Confrade!
"Meu nome é Marven J. Franklin, paraense de nascimento, mas resido em Oiapoque-AP, extremo norte do Amapá, fronteira com a Guiana Francesa. Sou professor da Rede Pública Municipal, desenvolvendo minhas atividades na Secretaria Municipal de Educação de Oiapoque (SEMED). Sou formado em Educação Física pela Universidade de Brasília (UNB) e pós-graduado em Educação Física Escolar pela Universidade Cândido Mendes do Rio de Janeiro. Já publiquei no Overmundo e Recanto das letras e em meu recente blog pessoal:
Procuro em minha prosa poética retratar o cotidiano de Oiapoque, com suas belezas e suas mazelas sociais, além de reminiscência de Macapá, cidade que nutro um grande carinho, pois a visito com regularidade devido aos cursos e qualificações que faz nessa capital".
O autor em destaque no Jornal Tibuna Amapaense
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ESPÓLIO
DA MEMÓRIA INACABADA
Das manhãs glaciais em frente ao rio
Oiapoque leguei o vislumbre insano diante do nevoeiro indolente imergindo da
mata culminando com o embate de meu semblante esquálido com o por do sol que
insurgia inerme em frente à Marripá Tour.
Dos contornos metafísicos da praça
Ecildo Crescêncio levei as antemanhãs gris que amortalhavam meus delírios e
rezas enquanto ascendia a Presidente Kennedy com destino a Igreja de Nossa
Senhora das Graças.
Dos desvalidos escorados no Cais
Municipal, imersos em escárnios e frenesis, herdei os ais dolorosos perante a
náusea que precipitava a extenuação ante aos olhares densos dos que pereciam
embebecidos de rum e impassibilidade.
Oh Oiapoque! De meus medos... Levo
de ti o cerrar de dente oriundo dos injustiçados, que sucumbem no leito sereno
do Rio Oiapoque onde em meio ao medo e a desesperança ouve-se o berro
adormecido dos garimpos equidistante com ensejos mortos parecidos com o quase
nada.
Oh Oiapoque! De minhas
esperanças... Espero de ti girassóis caudalosos... A enfeitar vitrines e
janelas adormecidas! Que seus homens se tonem mel ante a brutalidade das
sensações desumanas e que meu triste semblante se torne riso alucinante diante
de uma rua assoalhada de fés!
“Oiapoque querido, nunca mais poderia
retirai-vos do meu coração!”
Marven J.
Franklin
Aos que
comigo trazem essa cidade-mistério encravada como tatuagem na alma! Ave!
Oiapoque.
* * * * *
CREPÚSCULO
DEFRONTE O RIO
Em Oiapoque o crepúsculo tem
semiesferas de girassóis descolorados que transformam a cidade em cemitérios de
sensações indescritíveis.
Invariavelmente lá pelas seis da
tarde o sentido de perda de luminosidade traceja e forma desmesurados tsunamis
nas águas afáveis do Rio Oiapoque.
Logo, as percepções mortas brotam
como esquálidas caravelas de papel celofane.
De imediato a indiferença se posta
dissertas em minha varanda armada com garras potentes de titânio e funda
garganta de nuvens fenecidas.
Lá pelas 19h, posso ouvir os
rumores mórbidos que chegam com o temporal que se arma cinzento por trás do
aeroporto, são os gritos que ressoam dos garimpos... Clamores cavos dos
injustiçados perecendo de frio debaixo do acaso.
* * * * *
REMINISCÊNCIAS
De Oiapoque recordo o verde sonolento defronte a cidade. A neblina
branca que invariavelmente cerrava fileiras em torno dos meus medos e de meu
rosto esquálido embebecido de rum e marasmo percorrendo a Norberto Pennafort com
destino ao Nova Esperança.
De Oiapoque recordo as secretas tardes junto ao cais onde contíguos
contemplávamos os movimentos da água do rio, junto a anoiteceres de densas
antemanhãs, seguindo as rotas de aleatórias catraias de papel, naufragadas em
dias suntuosos e intensos de abril.
Oh Oiapoque ainda vislumbro seu eco enquanto a névoa flutua nas matas
que rangem de saudade ouvindo os gritos dos garimpos, as aves Marias vindas
Igreja de Nossa Senhora das Graças e o ranger mórbido do portão do Cemitério
Municipal.
Oh Oiapoque ainda escuto de ti os lentos rumores de água entre sereias,
filhas de Zeus e Deméter desaparecidas no Marripá. Recordo o peso intransitável
das sombras que invariavelmente nos fins das tardes mornas de domingo o tempo
arrastava de mim o viço, a sorte e os tesouros.
* * * * *
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