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23 de mai. de 2015

UM POETA NA FRONTEIRA

Apresentamos neste blog, que tem como objetivo fazer um registro da produção literária e acadêmica no Amapá,  o professor e escritor Marven J. Franklin, que reside no município de Oiapoque e é funcionário público municipal. 

Nossa intenção é  sempre contribuir com os alunos e professores que buscam conhecer os autores e as obras produzidas aqui no Amapá, tanto as contemporâneas como os poetas da Primeira Geração dos anos 60 que se imortalizaram através da antologia "Modernos Poetas do Amapá". 

Seja bem-vindo, Caro Confrade!



"Meu nome é Marven J. Franklin, paraense de nascimento, mas resido em Oiapoque-AP, extremo norte do Amapá, fronteira com a Guiana Francesa. Sou professor da Rede Pública Municipal, desenvolvendo minhas atividades na Secretaria Municipal de Educação de Oiapoque (SEMED). Sou  formado em Educação Física pela Universidade de Brasília (UNB)  e pós-graduado em Educação Física Escolar pela Universidade Cândido Mendes do Rio de Janeiro. Já publiquei no Overmundo e Recanto das letras e em meu recente blog pessoal:



 Procuro em minha prosa poética retratar o cotidiano de Oiapoque, com suas belezas e suas mazelas sociais, além de reminiscência de Macapá, cidade que nutro um grande carinho, pois a visito  com regularidade devido aos cursos e qualificações que faz nessa capital".
O autor em destaque no Jornal Tibuna Amapaense
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TEXTOS DE MARVEN


ESPÓLIO DA MEMÓRIA INACABADA


Das manhãs glaciais em frente ao rio Oiapoque leguei o vislumbre insano diante do nevoeiro indolente imergindo da mata culminando com o embate de meu semblante esquálido com o por do sol que insurgia inerme em frente à Marripá Tour.
Dos contornos metafísicos da praça Ecildo Crescêncio levei as antemanhãs gris que amortalhavam meus delírios e rezas enquanto ascendia a Presidente Kennedy com destino a Igreja de Nossa Senhora das Graças.
Dos desvalidos escorados no Cais Municipal, imersos em escárnios e frenesis, herdei os ais dolorosos perante a náusea que precipitava a extenuação ante aos olhares densos dos que pereciam embebecidos de rum e impassibilidade.
Oh Oiapoque! De meus medos... Levo de ti o cerrar de dente oriundo dos injustiçados, que sucumbem no leito sereno do Rio Oiapoque onde em meio ao medo e a desesperança ouve-se o berro adormecido dos garimpos equidistante com ensejos mortos parecidos com o quase nada.
Oh Oiapoque! De minhas esperanças... Espero de ti girassóis caudalosos... A enfeitar vitrines e janelas adormecidas! Que seus homens se tonem mel ante a brutalidade das sensações desumanas e que meu triste semblante se torne riso alucinante diante de uma rua assoalhada de fés!

Oiapoque querido, nunca mais poderia retirai-vos do meu coração!
Marven J. Franklin
Aos que comigo trazem essa cidade-mistério encravada como tatuagem na alma! Ave! Oiapoque.

* * * * *

CREPÚSCULO DEFRONTE O RIO

Em Oiapoque o crepúsculo tem semiesferas de girassóis descolorados que transformam a cidade em cemitérios de sensações indescritíveis.

Invariavelmente lá pelas seis da tarde o sentido de perda de luminosidade traceja e forma desmesurados tsunamis nas águas afáveis do Rio Oiapoque.
Logo, as percepções mortas brotam como esquálidas caravelas de papel celofane.
De imediato a indiferença se posta dissertas em minha varanda armada com garras potentes de titânio e funda garganta de nuvens fenecidas.
Lá pelas 19h, posso ouvir os rumores mórbidos que chegam com o temporal que se arma cinzento por trás do aeroporto, são os gritos que ressoam dos garimpos... Clamores cavos dos injustiçados perecendo de frio debaixo do acaso.
* * * * *

REMINISCÊNCIAS

De Oiapoque recordo o verde sonolento defronte a cidade. A neblina branca que invariavelmente cerrava fileiras em torno dos meus medos e de meu rosto esquálido embebecido de rum e marasmo percorrendo a Norberto Pennafort com destino ao Nova Esperança.

De Oiapoque recordo as secretas tardes junto ao cais onde contíguos contemplávamos os movimentos da água do rio, junto a anoiteceres de densas antemanhãs, seguindo as rotas de aleatórias catraias de papel, naufragadas em dias suntuosos e intensos de abril.

Oh Oiapoque ainda vislumbro seu eco enquanto a névoa flutua nas matas que rangem de saudade ouvindo os gritos dos garimpos, as aves Marias vindas Igreja de Nossa Senhora das Graças e o ranger mórbido do portão do Cemitério Municipal.

Oh Oiapoque ainda escuto de ti os lentos rumores de água entre sereias, filhas de Zeus e Deméter desaparecidas no Marripá. Recordo o peso intransitável das sombras que invariavelmente nos fins das tardes mornas de domingo o tempo arrastava de mim o viço, a sorte e os tesouros.

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Contatos com o autor:

http://marvenfranklin.blogspot.com.br/

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Marven Junius Franklin


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