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24 de jan. de 2013

RAY CUNHA LANÇA NOVO LIVRO DE CONTOS "NA BOCA DO JACARÉ"

NA BOCA DO JACARÉ-AÇU - A Amazônia Como Ela É

Por MARCELO LARROYED

BRASÍLIA, 2012 – Ray Cunha lança seu novo livro, Na Boca do Jacaré-açu – A Amazônia como ela é (Ler Editora, Brasília, 139 páginas), enfeixando 14 contos ambientados em Belém do Pará, cidade considerada o Portal da Amazônia, “a região mais vertiginosamente bela do planeta, a que os europeus chamam de realismo fantástico” – como diz o escritor. Alguns contos se movem no Ver-O-Peso, a maior feira livre da Ibero-América, “onde o Trópico Úmido ferve para sempre”.

  
Na Boca do Jacaré-açu, conto que dá título ao livro, é o mergulho suicida de um arqueólogo nos abismos da maior ilha flúvio-marítima do planeta, Marajó, em pleno Mundo das Águas, a confluência do maior rio do planeta, o Amazonas, ao norte; do rio Pará, a oeste; e dos rios Tocantins e Guamá, ao sul, este, formando a baía de Guajará, que passa defronte do Ver-O-Peso, em Belém. Os rios Pará, Tocantins e Guamá alimentam a baía de Marajó. O Mundo das Águas arreganha a bocarra de jacaré-açu para o oceano Atlântico, a nordeste.

Autor do romance A Casa Amarela (Editora Cejup, Belém, 2000), ambientado em Macapá no ano do golpe que instalou no país a Ditadura dos Generais (1964-1985), e de Trópico Úmido – Três Contos Amazônicos(Edição do Autor, Brasília, 2005), além de A Grande Farra (Edição do Autor, Brasília, 1992), o Mundo das Águas, a Amazônia Caribenha, a Hileia, perpassa a literatura de Ray Cunha, que nasceu em Macapá, cidade que se debruça na margem esquerda rumo à boca do rio Amazonas, na confluência da Linha Imaginária do Equador, no setentrião da costa brasileira.

Inclusive O Casulo Exposto (LGE Editora, Brasília, 153 páginas, R$ 28), livro de contos ambientados nos subterrâneos de Brasília, repete o conto Inferno Verde, história curta publicada inicialmente em Trópico Úmido, e que se move simultaneamente no universo Belém/Ver-O-Peso/Marajó e na capital do Brasil, onde o autor mora.

O Casulo Exposto – Trabalhando desde 1987 como jornalista, em Brasília, cobrindo amplamente a cidade, o Entorno e o Congresso Nacional, a capital da República passou a se constituir, naturalmente, em outro universo do escritor. Assim surgiu O Casulo Exposto, que se refere “à redoma legal que engessa o Patrimônio Cultural da Humanidade, a borboleta de Lúcio Costa, ninfa golpeada no ventre, as vísceras escorrendo como labaredas de luxúria, depravação e morte nos subterrâneos da cidade dos exilados”.

Segundo o autor, “a fauna, heterogênea, que tenta sobreviver na ilha da fantasia, chafurda nos mensalões brasilienses e arde numa imensa fogueira das vaidades”. As personagens que transitam em O Casulo Exposto são“políticos, inclusive daquele tipo mais vagabundo, que não pensa duas vezes antes de roubar merenda escolar; jornalistas que se equilibram no fio da navalha; tipos fracassados e duplamente fracassados; estupradores; assassinos; bandidos de todos os calibres se misturam, nos contos, numa zona de fronteira fracamente iluminada. Contudo, a ambientação de sombra e luz tresanda, também, a perfume e a romance” – diz o coautor de Xarda Misturada (Edição de autor, Macapá, 1971) e autor Sob o Céu nas Nuvens(Edição do Autor, Belém, 1982), também de poemas.

“Nascido em Macapá (AP), mas radicado em Brasília desde 1987, o jornalista e escritor Ray Cunha conhece como poucos as cicatrizes da capital brasileira. Experiência adquirida em mais de duas décadas como repórter de cidades e na cobertura intensa do Congresso Nacional. Por isso, não deixa de ser oportuno que o seu mais recente trabalho, o livro de contos O Casulo Exposto, chegue às livrarias justamente no momento em que o Senado passa por uma de suas piores crises” – o jornalista Lúcio Flávio publicou no Correio Braziliense, em 2008.

“A intimidade do autor com a cidade é denunciada não apenas por meio dos temas abordados - seja a política ou as mazelas da cidade -, mas também pela geografia desenhada em histórias que têm como personagens as vias da cidade como a W3 Sul e a W3 Norte ou um encontro aparentemente casual na Churrascaria Porcão” – escreve Lúcio Flávio, ao que diz Ray Cunha: “Sou um observador privilegiado da cidade.”

“Seus romances e contos são, geralmente, ambientados na Amazônia. Qual a sensação de escrever um livro candango, ou seja, produzido com as coisas que acontecem em Brasília?” – perguntou-lhe o jornalista belenense Aldemyr Feio, ao que Ray Cunha respondeu: “É a mesma sensação de trocar pirão de açaí com dourada frita por pão de queijo, ou de trocar a Estação das Docas por shopping. São duas situações absolutamente diferentes. No meu caso pessoal, caio de joelhos por tudo o que diz respeito à Amazônia, mas também curto Brasília. Assim, sinto-me perfeitamente à vontade tanto na Amazônia como em Brasília”.

"O que tu queres dizer com o casulo que também tresanda a perfume, romance e esperança, nas luzes da grande cidade?” – perguntou Aldemyr Feio. Ray Cunha: “O casulo do título evoca o fato de que Brasília é reconhecida como Patrimônio Cultural da Humanidade. Em termos práticos, não se pode mudar a arquitetura original do Plano Piloto, que compreende o projeto do urbanista Lúcio Costa, excluindo-se as cidades-satélites. Então, o Plano Piloto é protegido sob uma redoma, um engessamento, como Patrimônio Cultural da Humanidade. Mas nas suas ruas não há romantismo, como em todas as metrópoles brasileiras, inchadas e perigosas. Apesar disso, há contos perfumados, prenhes de romance, de esperança, como o que encerra o livro: A Caça (já publicado pela Editora Cejup, de Belém), que, no final, refere-se às luzes de Brasília, e termina com toda a família (os pais e uma garotinha) deitada na cama de casal no quarto de um bom hotel, após perigosa aventura na recém-nascida Palmas (TO)”.

“Você acha que o leitor vai entender as colocações contidas no Casulo?” – perguntou-lhe Aldemyr Feio. Resposta: “Certamente que sim. A literatura, como qualquer arte, tem algo maravilhoso. No seu caso específico, as palavras remetem o leitor a mundos que são somente dele. O escritor é um mero porteiro. Lembrei-me de um caso que ocorreu com William Faulkner. Alguém o informou que leu duas vezes um livro seu e não entendeu a história. Faulkner sugeriu que lesse mais uma vez”.

http://escritoresap.blogspot.com.br/search/label/Ray%20Cunha

Outros livros de Ray Cunha






SERVIÇO
Ler Editora (www.lereditora.com.br), no SIG, Quadra 4, Lote 283, prédio da Fórmula Gráfica, Primeiro Andar
Pedidos também para as redes de livrarias:
Trópico Úmido – Três Contos Amazônicos pode ser pedido para o autor, a R$ 30, incluindo frete, pelo e-mail: raycunha@gmail.com
Blog do autor: Blog do Ray Cunha
Contato do autor: raycunha@gmail.com


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O autor

Ray Cunha nasceu na Amazônia Caribenha, em Macapá, a capital do estado do Amapá, cidade facilmente localizável no mapa-múndi, situada que é na confluência da Linha Imaginária do Equador com o maior rio do planeta, o Amazonas.

Estreou na literatura em 1972, com o livro coletivo de poemas Xarda Misturada (edição dos autores, Macapá), juntamente com o poeta e contista José Edson dos Santos (Joy Edson) e José Montoril. Em 1982, a União Brasileira de Escritores, seção de Manaus, publicou Sob o céu nas nuvens, poemas.

Em 1990, Ray Cunha estreia na ficção, com A grande farra (edição do autor, contos, Brasília). Em 1996, a Editora Cejup, de Belém do Pará, publica o conto A caça e o romance O lugar errado. Em 2000, publica Trópico Úmido - Três contos amazônicos (Brasília) e, em 2005, a Editora Cejup volta a publicar um romance do autor, A Casa Amarela.

Segue-se a apresentação de Maurício Melo Júnior, publicada na orelha de O casulo exposto.

Humor e política no cotidiano brasiliense

“O escritor Jorge Amado costumava se queixar de algumas ausências da literatura brasileira. E dizia que a mais gritante delas era a falta de romances sobre o ciclo do café, como os que foram escritos sobre os ciclos da cana-de-açúcar e do cacau. Também podemos dizer que ainda não surgiram os escritores que tomaram o desafio de contar as sagas da busca da borracha na Amazônia e da construção de Brasília em pleno cerrado goiano.

“Neste seu novo livro de contos e novelas, O casulo exposto, o escritor Ray Cunha, nascido no Amapá e vivente em Brasília, passa longe da narrativa de homens perdidos na solidão da floresta ou na poeira das construções incansáveis. O que interessa ao escritor são os resultados daquelas experiências, são os personagens que ficaram depois das epopéias.

“Os homens e mulheres que saltam destas páginas são bastante curiosos. Têm a política no sangue, embora apenas transitem em torno dela. Vêem o poder bem de perto, mas não participam de suas benesses. Também calejados pelas dores impostas pela opressão da floresta, já nada os surpreendem e a violência pode ser uma forma de defesa ou sobrevivência. Sim, os escrúpulos são poucos. Ou, citando Jarbas Passarinho, um acrIano que fez carreira política no Pará: “Às favas com o escrúpulo”. Em compensação, a sensualidade aflora na pele dessa gente. O perigo é que também este poder de encantar e seduzir é instrumento de dominação.

“Naturalmente que a visão que temos aqui está superdimensionada pelos requisitos da literatura, mesmo assim sua base tem intensos pontos de realismo. E Ray Cunha ainda lhes dá um tratamento recheado de um humor cáustico, em alguns momentos até cruel. No entanto, esse humor nasce do clima noir, o clima dos filmes e livros policiais surgidos nos anos de 1940.

“Sem saudosismos e com muito suspense, os contos e novelas de Ray Cunha nos põem diante de O casulo exposto, esses seres nascidos da junção plena de todos os brasileiros. E vale muito a pena conhecê-los.”




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