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28 de mar. de 2007

MAURO GUILHERME LANÇA O ROMANCE "DESTINO"






A literatura da Amazônia vez por outra surge com uma obra marcante que nos faz conhecer e refletir sobre a realidade do nosso caboclo ribeirinho, aquele sujeito que vive no meio da floresta, tomando banho de rio, comendo frutas, caçando e pescando, assim como faziam os primeiros brasileiros encontrados pelos portugueses. Essa gente tem a sua linguagem, crenças e a própria história que nem sempre é contada com tamanho realismo e verossimilhança como se lê nesta excelente obra de Mauro Guilherme, um escritor talentoso e preocupado em produzir com qualidade. Ele não possui aquela ansiedade típica dos autores que querem publicar de qualquer maneira seja o que for, pois é ciente da sua responsabilidade como criador. Faz um trabalho meticuloso, paciente e, por isso mesmo, que merece nossa atenção e reconhecimento.
Tendo como cenário o vilarejo paraense de Peixe-boi, terra do saudoso poeta e jornalista Alcy Araújo (1924-1989), vamos nos deparar com vários personagens interessantes, que surgem espontaneamente na trama bem construída e estruturada, que vai prendendo a atenção do leitor, numa viagem em que as paixões, os instintos, a sabedoria cabocla, a crendice e os costumes amazônidas vão sendo introduzidos paulatinamente, até que se alcance o clímax. É então que surge uma surpresa agradável: o autor nos mostra, com talento e sensibilidade, que nem tudo está perdido no ser humano, que ainda resta uma centelha de luz na alma humana, mesmo quando esta imerge na escuridão. E essas reflexões, inseridas sutilmente na narrativa, são fundamentais para que possamos compreender os porquês de tantos acontecimentos e comportamentos envolvendo a obra.
Um vaqueiro que lê, dois fazendeiros rústicos, um filhinho de papai do interior, que vivia conquistando as mocinhas, um preto velho cheio de sabedoria e poderes, uma jovem professora que não aceita o destino traçado por sua família, eis os ingredientes desta trama que transcorre em 1943, numa época de grandes transformações no mundo inteiro. Na pequena e esquecida Peixe-boi os habitantes vivenciaram um crime, a violência exercida pelos poderosos, a história de amor entre um vaqueiro e uma filha de fazendeiro e, quatro décadas depois, os personagens se reencontram para um desfecho inesperado, que não posso contar para não privar o leitor de também percorrer as páginas desta obra, a terceira publicada por Mauro Guilherme.
Uma característica deste trabalho que merece ser ressaltada são as dezenas de citações sobre autores e obras fundamentais da Literatura, e alguns poemas, que aparecem entremeados nos diálogos dos personagens e observações do narrador. Com certeza, o leitor que desejar seguir o roteiro sugerido por Mauro Guilherme poderá, sem dúvida, estar adentrando no mundo incomensurável dos livros e colaborar para que deixemos de fazer parte dos números vergonhosos sobre a leitura. É preocupante sabermos que 70% dos brasileiros nunca entraram numa biblioteca e que a média de leitura de livros/ano, por aqui, é de apenas 02 – ou, se quisermos ser mais rigorosos, 0,9! Daí o romance Destino ser tão importante como incentivo aos que almejam reverter esses números negativos.
Mauro Guilherme é paraense de Belém, onde nasceu no dia 12 de julho de 1965, sendo seus pais Veríssimo Oliveira do Couto e Maria José Pereira da Silva. Sua esposa é a Sra. Márcia Cristina Távora Couto. O casal tem duas filhas: Natália e Jaqueline.
Seus estudos foram realizados na capital paraense. É bacharel em Direito pela UFPA (1988). Trabalhou como bolsista na Fundação do Bem-estar Social do Pará (1984 a 1986) e exerceu a advocacia (1988 a 1991), ano em que chegou a Macapá e foi aprovado em concurso para o cargo de Promotor do Ministério Público, sendo lotado na promotoria da Infância e Juventude. O autor faz parte da Associação Brasileira de Magistrados e Promotores da Infância e Juventude e da Associação Amapaense de Escritores - APES. Figura humana de temperamento sereno, leitor contumaz, vem discretamente e sem alarde, contribuindo brilhantemente tanto na Literatura como no Ministério Público, para o desenvolvimento do nosso Amapá e do Brasil. Já tem outros projetos literários em andamento, inclusive de incentivo á publicação de novos e reconhecidos autores.
Costuma citar Machado de Assis, Aldous Huxley, Fernando Sabino e Luís Fernando Veríssimo como autores que o influenciaram a buscar seu próprio estilo.
Obras publicadas: Reflexões Poéticas (1998); Humanidade Incendiada (poemas, 2003). Participou da XI Antologia de Contos da UFPA (2003) obtendo menção honrosa com o conto O Cavaleiro Marchador. Recebeu também Menção Honrosa no concurso literário Cidade do Recife (2005).

(Paulo Tarso Barros é escritor e professor,
presidente da Associação Amapaense de Escritores,
integrante da UBE-SP e da Academia Arariense-vitoriense de Letras)

2 comentários:

Anônimo disse...

eu li o livro de mauro guilherme, e gostei me manda augumas sugestões de leitura !!!

cyclop_piupiu@hotmail.com

Unknown disse...

Comecei a ler o livro, leitura obrigatoria da UNIFAP, mas ainda não terminei, acredito que o principal ponto do livro é a quebra de valores. Interessantíssimo. Sorte pra mim na 2° fase. [=