MORRE EM SÃO PAULO, AOS 87 ANOS, RUY GUARANY NEVES, O DECANO DO JORNALISMO AMAPAENSE
Faleceu no dia 7 de novembro de 2017, por volta das 16h, em São José dos Campos - SP, o jornalista e um dos pioneiros das comunicações no Amapá Ruy Guarany Neves, aos 87 anos. Ele fazia tratamento de câncer. Ele fazia parte da Associação Amapaense de Escritores - Apes.
Ruy Guarany Neves, jornalista com milhares de artigos e crônicas publicados, funcionário público aposentado, natural de Clevelândia do Norte, município de Oiapoque – AP, nasceu no dia 3 de agosto de 1930. Publicou as obras O Homem da Fronteira (crônicas e histórias, 2005) e A Missão de Comunicar (Scortecci, 2015).
Faleceu no dia 7 de novembro de 2017, por volta das 16h, em São José dos Campos - SP, o jornalista e um dos pioneiros das comunicações no Amapá Ruy Guarany Neves, aos 87 anos. Ele fazia tratamento de câncer. Ele fazia parte da Associação Amapaense de Escritores - Apes.
Ruy Guarany Neves, jornalista com milhares de artigos e crônicas publicados, funcionário público aposentado, natural de Clevelândia do Norte, município de Oiapoque – AP, nasceu no dia 3 de agosto de 1930. Publicou as obras O Homem da Fronteira (crônicas e histórias, 2005) e A Missão de Comunicar (Scortecci, 2015).
O primeiro livro publicado (2005) |
Da mesma geração de seu parente
e conterrâneo Hélio Guarany de Souza Pennafort (1938-2001), também jornalista e
“estoriador” dos caboclos do Amapá, Ruy Guarany vem escrevendo e publicando na
imprensa amapaense muitos artigos e crônicas da maior importância — não apenas
analisando os fatos políticos locais, mas fazendo a contextualização com a
intrincada política nacional. Observador atento, analista sagaz e de uma
elegância em seu estilo, Ruy se diferencia da maioria dos colegas jornalistas
por não ofender nem elogiar gratuitamente quem quer que seja. Sua atuação
sempre teve o respeito dos leitores e dos políticos pelo conteúdo substancial
das análises que ele habilmente traçava dos acontecimentos marcantes.
Lançado no dia 18 de junho de 2015 na Biblioteca Pública Elcy Lacerda |
Sua obra A Missão de Comunicar
documenta essa trajetória brilhante de um homem que soube extrair das notícias
elementos que ficarão no registro da memória da imprensa do Amapá.
(Texto: Paulo Tarso Barros)
Orelhas e 4ª capa do livro |
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Registro fotográfico do lançamento da obra
A Missão de Comunicar, dia 18/06/2015,
O Autor doando 3 exemplares para a Biblioteca |
Presentes, dentre outros, o professor e historiador Nilson Montoril de Araújo, professor Antônio Munhoz, escritores Rostan Martins, Fernando Canto, César Bernardo de Souza, Osvaldo Simões, jornalistas Édy Prado e Graça Penafort, presidente da Confraria Tucuju Telma Costa, além dos familiares do autor. O pioneiro Leonel Nascimento,ex-prefeito do município de Amapá, espontaneamente pediu a palavra e homenageou o autor relembrando a trajetória de luta nos primórdios do Território do Amapá.
(Fotos: Paulo Tarso Barros e Alessandro Cardoso)
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Por Sandra Regina Smith Neves
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INFORMAÇÕES BIOGRÁFICAS
Por Sandra Regina Smith Neves
Ruy Neves (Foto: Paulo Tarso Barros -abril-2013) |
Numa manhã ensolarada do mês de agosto, em Clevelândia do
Norte, Oiapoque, às 11 horas do dia 03 agosto do ano de 1930, nasceu Ruy, filho
de Cezarina Guarany Neves e Manoel Cavalcanti Neves. Nasceu em casa, localizada
à beira do rio Oiapoque, de cujas janelas se avistava o lado francês e se ouvia
o canto do Uirapuru. Criado por sua mãe, de quem herdou a docilidade, e por seu
avô materno, Fernando Guarany, a quem todos carinhosamente chamavam de Pai
Velho, concluiu as primeiras séries do curso primário na escola pública da vila
do Espírito Santo do Oiapoque. Aos 16 anos transferiu-se para Macapá a fim de
cursar o ginásio, mas a necessidade de trabalhar o obrigou a concluir o 2º grau
muito tempo depois. Aos 50 anos, fez o curso profissionalizante de técnico em
Telecomunicações, em nível de 2º grau, através do Ensino Supletivo, com registro
no Crea-Pará. Aos 18 anos inicia a sua carreira no serviço público do
ex-Território Federal do Amapá como radiotelegrafista. Atuou como noticiarista
na recepção de notícias telegráficas para divulgação na Rádio Difusora de
Macapá. Autodidata, apaixonado por telecomunicações, e dono de uma inteligência
peculiar responsável pelo seu apurado senso de humor, fez desse humor
inigualável uma arma contra as agruras da vida, jamais esquecendo, no entanto,
de colocá-lo contra as injustiças e a favor da alegria - e acima de tudo - da
liberdade de pensamento. No período de 1965 a 1982 exerceu o cargo de
superintendente de telecomunicações do Amapá. Autor do Plano de
Telecomunicações do Governo do Território,Telefonia em Banda Lateral Singela,
presidiu o grupo de trabalho que estudou a viabilidade da televisão em Macapá.
Representou o Amapá no I Congresso Brasileiro de Telecomunicações, realizado no
Rio de Janeiro, em junho de 1966. Representou o Território no II Congresso
Brasileiro de Telecomunicações, realizado em São Paulo, em julho de 1967.
Dirigiu os serviços de implantação do sistema de telecomunicações da
Universidade Federal de Alagoas (1974). Dirigiu os serviços de instalação do
sistema de telecomunicações da Polícia Federal, em São Luís, Belém e Macapá. Em
1972 instalou o serviço de telecomunicações do Incra, na Transamazônica. Em
1974 participou da equipe de técnicos da Maxuel incumbida de instalar a estação
geradora de TV, adquirida pelo governo do ex-Território. Como servidor público,
frequentou os cursos de telecomunicações por ondas portadoras, Inbelsa, São
Paulo; telecomunicações em portadora reduzida, Intraco, São Paulo;
telecomunicações em propagação horizontal, Motorola, São Paulo; organização de
sistemas, Entel, Rio de Janeiro; especialização em administração profissional,
Instituto de Pesquisas Rodoviárias, Ministério dos Transportes, ministrado em
Macapá. Em 1959 frequentou o curso de pilotagem no Aeroclube de Macapá. Foi
radioamador classe “A”, filiado à RNR (Rede Nacional de Rádio). Em 1985 presidiu
a seccional da Liga de Amadores Brasileiros de Rádio Emissão, no Amapá.
Aposentou-se aos 54 anos. A partir daí, passou a dedicar-se ao jornalismo,
tendência que se verificara desde a infância, quando estudante da escola
pública em Oiapoque, ao escrever uma crítica à professora, por não concordar
com o uso da palmatória nas sabatinas de tabuada. A primeira participação na
imprensa aconteceu na década de 1950, no jornal A Notícia. Como articulista do
Jornal Amapá, de propriedade do governo do Território, publicou artigos
abordando aspectos técnicos relacionados às telecomunicações. De 1993 a 1995
atuou como articulista do Jornal do Dia. Em 1996, passou a atuar no jornal
Diário do Amapá, onde permanece até hoje. Além de articulista, durante dois
anos assinou a coluna Dito Popular. Por sua atividade jornalística, recebeu o
título de Cidadão de Macapá, conferido pela Câmara de Vereadores e dois títulos
conferidos pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo,
1995/1996. No livro “Colunistas Brasileiros”, seu nome é destacado entre os
melhores formadores de opinião do país. Seus artigos e crônicas tem no humor
sua principal característica. Humor mordaz e aguçado que pode possibilitar aos
leitores rir da própria história e assim acatar, se necessário, a continuidade
salutar da vida. Desde muito jovem percebeu no humor a principal arma para
dizer o que deve ser dito, criticar o que deve ser criticado e viver, assim, o
que precisa ser vivido. Sempre de forma alegre e doce, o fazer rir é a sua forma
de permanecer vivo, sem esquecer dos muitos amigos, parentes e de sua família,
sua companheira Regina Smith, sua irmã Lia, seus filhos Sandra, Ruy, Ana Célia,
Socorro, Paulo, Fernando e Natasha; seus netos Fernanda, Gustavo, Hanah,
Rodrigo, Roberta, Valéria, Victor e Felipe; seu genro Marcos e suas noras
Maribel, Margareth e Dayse. Aos 77 anos, detentor de boa visão, costuma dizer
que ainda não tem idade para usar óculos. Quando lhe perguntam por que o seu
casamento deu certo, sempre responde: “É porque tudo começou no arraial de São
José”. Avesso à formação de comissões, costuma dizer que, quando se forma uma
comissão para debater determinado assunto, é porque não se quer resolver
absolutamente nada. Essa é a forma que encontra de viver sempre, e cada vez
mais, o riso da vida e a vida do riso, com uma dose extra de humor. Que o
Uirapuru cante cada vez mais alto e forte.
Texto: Sandra Regina Smith Neves
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