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19 de ago. de 2013

JOVEM LANÇA LIVRO COM TEMÁTICA CRISTÃ

A poesia é livre de formas e conteúdo há muito tempo e vem ganhando adeptos por todos os cantos, e uma prova dessa liberdade são os temas cada vez mais livres. Marcos Vinícius Borges, 26 anos, conhecido entre os amigos e meio literário como Marvin Cross, lançou recentemente o livro “Missão Poesia”, só com poemas de temática cristã. O livro leva o mesmo nome do blog do escritor. 

Ele conta que escreve desde criança, inventando histórias em quadrinhos, mas só aos 13 anos começou a levar mais a sério a escrita. “Faço diversos tipos de textos como poemas, contos, crônicas e também romances, mas prosa é meu estilo preferido” destaca o escritor que inclusive tem já um romance na temática cristã já pronto, mas ainda não publicado.

Em relação à poesia ele não escreve apenas versos cristãos, mas também gosta de retratar o ser humano em sua totalidade, “então muitas vezes isso é feito sem ser necessariamente uma abordagem espiritual”, destaca. O “Missão Poesia” é o primeiro livro de Marvin no formato impresso, ele já havia feito uma versão deste no formato digital e-book, assim também como organizou a coletânea Sete Estações Poéticas, que conta com a participação de outros poetas locais e que trás poesias de diversas temáticas, Marvin também participou da Agenda Arte Literária 2013.

Marcos conta ainda que esta muito feliz pela sua publicação sendo está a concretização de um sonho e feliz pela procura do seu livro. “O mais interessante é que muitos “não-evangélicos” tem me procurado para adquirir o meu livro e é bem como eu gostaria, ou seja, fazer arte cristã que não fosse apenas para seguidores da mesma fé que eu”, ressalta.

O escritor conta que o mercado para literatura cristã ainda é muito tímido. Os maiores títulos são estrangeiros, como O Peregrino, de John Bunyan, As Crônicas De Nárnia, de C.S. Lewis ou a série Deixados Para Trás. Isso falando de livros de ficção. Aqui no Brasil ainda há pouquíssimos autores, assim como leitores interessados.

“Poesia cristã é algo ainda mais complicado. Meus contatos com poetas evangélicos não incluem ninguém daqui do Amapá, pelo menos até agora. No entanto, vejo com otimismo como os cristãos têm estado mais abertos a diferentes leituras, que nem por isso deixam de ser espiritualmente edificantes e até uma forma interessante de entretenimento”, conta Marvin, que acredita que a receptividade tende a melhorar em pouco tempo apesar da resistência sofrida também por aqueles que não são adeptos dessa fé.
“É interessante frisar que doutrinas ou valores cristãos retratados em narrativas ou poemas podem ser inspiradores e mudar concepções, opiniões ou vidas inteiras, e eu creio exatamente nisso, sabendo que meu leitor pode ser alguém que não convive nesse meio, então penso nisso na hora de escrever também”, conclui.

A primeira edição do livro já foi toda vendida, e a segunda já está saindo os interessados podem entrar em contato com o escritor pelo e-mail marvin_aliancas@hotmail.com.


Texto:
Thiago Soeiro

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Sobre o autor, ele mesmo faz algumas confissões:
"1- Sou nascido em Imperatriz-MA, mas vim com 4 anos de idade pro Amapá, voltando ao Maranhão pouquíssimas vezes para visitar. Entretanto, não cultivo alguns hábitos amapaenses (como ter o açaí sagrado todo dia e/ou tomá-lo como uma refeição, mas eu gosto do "petróleo");
2- Certa vez quase participei do FEJOCA (Festival Jovem da Canção), como compositor, mas naquele ano não rolou festival;
3- Na adolescência vivia escrevendo letras de músicas e sempre mostrava primeiro aos meus amigos Rilbi Pires Cardoso e Denilson Araújo Felicio. Eles diziam que gostavam... Mas ainda bem que eu não me iludi com o mundo da música (rsrs).
4- Participei de uma oficina de radiojornalismo aos 15 anos, o que me ajudou muito a perder um pouco a timidez de falar em público, e até trabalhei durante um curto período na Rádio Transamérica Macapá;
5- Não gosto muito da minha voz (especialmente gravada ou no microfone);
6- Fui católico até os 19 anos, mas me converti por volta dos 21. Sou evangélico desde então;
7- Já briguei com amigo por causa de garotas (não briga física, rsrs), mas graças a Deus a amizade prevaleceu;
8- Fiz uma coletânea de poesias exclusivamente para minha noiva Cássia C. Monteiro, para quem, aliás, eu ainda invento de escrever músicas. Atualmente, se faço alguma canção, é para ela;
9- Já dei uma de "consultor" para amigos que tem bandas de rock aqui em Macapá e precisavam que alguém corrigisse possíveis erros no inglês de suas letras de música;
10- Sei o nome de todos os meus alunos, dos dois locais em que trabalho. Num desses locais, todas as turmas (09) são minhas;
11- Já fui líder de um grupo de teatro numa igreja que frequentei no início da conversão;
12- Não dou muita importância para carros ou motos, o que me faz até hoje não ter ido atrás de aprender a dirigir;
13- Não sei nadar;
14- Eu gostava de usar camisas de bandas de rock na adolescência;
15- Aprendi boa parte do que sei de inglês sozinho, só fui estudar pra valer a partir dos 17 anos;
16- Tento sempre manter um ótimo humor. Me sinto muito gratificado se faço alguém rir;
17- Já quase morri afogado umas 3 vezes;
18- Gosto de orar por tudo: amigos, locais de trabalho, pessoas que mal conheço, projetos de vida, família, cidade que moro etc. Acredito muito na força da oração;
19- Me sinto mais à vontade em projetos artísticos quando sou o líder ou quando faço sozinho;
20- Não sou nada chegado em futebol ou MMA, e acho bobo associarem isso a "ser homem".
(Fonte: Facebook - publicado em 02/12/2013)


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Conto de Marvin Cross vencedor do 2° Concurso Literário do Grupo Poético Pena & Pergaminho, em março de 2016.


O VELHO SÁBIO

Há um velho que vive no topo de uma colina muito, muito alta. Seu lar é uma caverna fétida que, volta e meia, está empesteada de abutres que pairam por ali.
No entanto, o povo da tribo Ashkar busca os conselhos do velho há quase um século. É uma tradição e uma honra. Há cerca de três anos, os Ashkar venceram a guerra dos setenta e nove dias contra a tribo rival, os Nazraul, que costumavam viver do outro lado do rio, e que agora estão extintos. Tudo isso graças às orientações do velho sábio, que dera as devidas coordenadas estratégicas para todos os momentos e batalhas na peleja contra os Nazraul.
Em outra ocasião, durante o último verão, quando uma grave seca parecia se alastrar pela terra sagrada dos Ashkar, o velho sábio lhes orientou que acendessem uma fogueira bem alta, desenhassem um círculo com sangue de animais em volta dela, e dançassem para a deusa Rhayan durante oito dias e oito noites, alternando-se em grupos, para que os ritos não se tornassem cansativos para uma pequena porção de pessoas. Ao fim do ritual, houve um período chuvoso como jamais existira na história daquela civilização, e a colheita fora farta e por um ano os Ashkar não precisaram plantar coisa alguma.
O velho sábio, cuja identidade e história ninguém sabia, nem mesmo os membros mais antigos da tribo, passou a ser tomado então como sacerdote, estrategista militar, conselheiro amoroso, conciliador para conflitos, curandeiro e qualquer outro título que pudesse remeter a algum serviço essencial para a vida humana. E assim a prosperidade dos Ashkar ia se perpetuando.
E o mais extraordinário de tudo: o velho ajudara a todos sem jamais abrir a boca para pronunciar uma palavra sequer. Relatos de quem já escalou a colina revelaram que, sempre que consultado para algum fim, o velho sábio sempre se mostrara impassível, plácido como uma aranha que tece pacientemente sua enorme teia, silenciosa e sagaz. Esses mesmos relatos informaram que as respostas do velho sábio vinham horas mais tarde, em forma de sonhos ou mensagens que surgiam como claros sinais na natureza ou até mesmo no comportamento dos animais. Ou, de forma ainda mais óbvia, através de inscrições nas paredes das casas ou na areia da praia. Havia uma versatilidade admirável nas ações do velho sábio até nisso.
O único relato que deverá permanecer em silêncio, provavelmente, é o do pequeno Yamit. Filho do capitão do exército que liquidou com os Nazraul, o pequeno valente mal devia ter dez anos quando escalou sozinho a colina. Ávido por uma resposta sobre seu amor impossível por uma garota que só encontrava em seus sonhos, Yamit estava disposto a encarar a orientação certeira do velho sábio, mesmo que tudo que ele tivesse fosse uma bronca por sua audácia em fazer a perigosa escalada por conta própria. Entretanto, Yamit era otimista e contava com a hipótese de que o velho lhe desse os parabéns por tão arriscada empreitada e, quem sabe, até lhe fornecesse as pistas necessárias para encontrar a doce menina.
Mas a frustração de Yamit, a qual ele levará para sempre consigo e da qual jamais se esquecerá, por mais que tente, foi quando, depois de reverências e apresentações, apercebera-se de algo muito perturbador. A ponto de desmaiar com tanto fedor que permeava a caverna, o menino culpou-se gravemente por ter se esquecido de levar algo para proteger as narinas, contrariando um dos detalhes cruciais das narrativas que ouvira sobre as visitas ao velho. No entanto, num ato de extrema ousadia e jamais recomendado por ninguém, o garoto aproximou-se do velho, sentado como uma estátua sobre uma grande pedra, os olhos serenos fitando uma parede à sua frente. O mau cheiro ficou ainda pior.
E foi então que Yamit descobriu que sua petição jamais seria atendida, pois, a julgar pela falta de respiração do velho sábio, além de sua face quase inteiramente carcomida, aquele corpo imóvel devia estar jazendo sem vida há várias décadas.
Yamit não teve coragem de puxar o pano que cobria o corpo do velho. Havia alguns buracos no lençol e, certamente, seriam das bicadas dos abutres tentando arrancar a carne morta ao longo dos tempos.
Num só ímpeto, o garoto correu para fora da caverna, horrorizado, procurando fazer a descida da forma mais veloz que pudera.


Daquela noite em diante, a menina desaparecera dos sonhos de Yamit.

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Um comentário:

Marvin Cross disse...

É uma grande honra figurar neste blog agora. Muito obrigado e continue divulgando a literatura do Amapá do jeito que ela merece.