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8 de mar. de 2012

MORRE EM BRASÍLIA JOÃO NOBRE LAMARÃO

Faleceu no dia 6 de março de 2012, por volta das 19:00h, em Brasília, onde estava chegando em viagem de trabalho a serviço do Governo do Amapá o engenheiro civil João Nobre Lamarão, nascido em 1960. Natural de Macapá, filho de Sebastião e Luzia Lamarão, passou parte de sua vida profissional trabalhando na iniciativa privada. Seu interesse pelo linguajar do macapaense o fez escrever a obra "Falar Tucuju - Desde o tempo do Ronca", com mais de 400 vocábulos, publicada em 2006, apresentada pelo sociólogo Fernando Canto e prefaciada pelo desembargador Gilberto Pinheiro.







Publicamos aqui uma carta escrita pelo jornalista Raul Mareco no blog da Alcilene - http://www.alcilenecavalcante.com.br/ a que juntamos a esta homenagem ao nosso amigo e confrade João Lamarão.


Espia, Lamarão, não é potoca nenhuma, tu é um caboco por demais Nobre, um João culhudo e talhudo, na vera!

Pequeno inteligente, com muita sustância, que não afrouxa, com certeza porque a dona Luzia e o seu Sebastião te fizeram comer um chibé dos porrudo e umas donzelas vitaminadas quando tu era gitinho que, disque, tu não deixava sobrar nem o cuí, égua, não, olha, João!

Montagem de Sônia Canto - http://www.smcanto.blogspot.com/


Começaste a empinar a curica lá pra caixa prego, em Belém, todo pavulagem pra fazer as engenharia, e não adiantava te jogarem pissica, e nem o banzeiro do Amazonas, pense num mano que dibrava tudo que é dificuldade, até porque tu não era nenhum aru!

Tua nobreza, João, aumenta quando fevereiro chega, tu fica todo insiguerado, passa extrato, se aperpara todo com a vestimenta do Piratas da Batucada, fica todo besta, num tô dizendo! E quando os pequenos do Flamengo calçam a chulipa, capaz de tu saltar da baladeira só pra ver o Mengão abicorar mais uma vitória.

Mas, olha, João, deixa eu te fuxicar um negocio. Os cabocos pai d’égua são eternos, nunca bestam pela vida, alvarai quando Deus estende a mão iluminada e diz: “bora-embora”. Mas, num é pra ti ficar jururu, axi não! O momento de embarcar na cauda do cometa divino deixa qualquer um agoniado, cuíra pra saber como é as paragens du-lá-de-lá.

Até porque, Nobre Lamarão, dar de encontroada com a vida material é realmente discunforme, inclusive, para os manos, pequenos, cabocos e cabuçus que tu te despede.

Mas, João de Deus, vor-te cobra d’água pra tristeza, nosso eterno engenheiro da vida, escritor tucuju que alumia a todos desde o tempo do ronca. Segura dicunforça na mão de Deus, e vai. “Já me vu”. “Qualquer dia, amigo, eu volto, a te encontrar. Qualquer dia amigo, a gente vai se encontrar”.

Do teu sobrinho “adotivo”, Raul Mareco, ou “Raulzinho”, como costumavas me chamar.
Raul Mareco

Um comentário:

Michelle Sá disse...

Uso sempre esse livro em minhas aulas de variações geográficas (linguísticas). Infelizmente não o conheci, mas sei que deixou uma grande contribuição para o Amapá. Amo o AMAPÁ, amo os AMAPAENSES!! SOU AMAPAENSE DE CORAÇÃO!!