OUTRO ANO-NOVO
Mais um ano que abre
seus braços
Para nos recolher no
seu regaço;
Mais uma vez vamos
sair por aí
Trasladando em busca
de paz!
Mais uma vez
cantaremos
Na aurora de um novo
ano
A poesia que, talvez
ninguém mais cante
Nos salmos divinais
dos mudos!
Mais um ano de
realizações,
De esperanças,
desenganos,
Apreensões,
comprovações!
Mais um ano em que
não queríamos ver
Nossos irmãos
mendigando
Matando, maltratando,
roubando, escravizando!...
Mais um ano em que se
espera a paz,
Mais um ano em que se
busca luz,
Mais um ano de amor
para as crianças,
Ou simplesmente mais
um ano!
Mais uma vez
estenderemos nossos braços
Em busca de outros braços
E nossas mãos
estendidas ficarão
À espera de outras
mãos!
(Luiz Alberto Costa
Guedes)
Luiz Alberto Costa
Guedes, macapaense, integrante da Associação Amapaense de Escritores-APES, poeta, sociólogo e professor, nasceu a 30 de novembro de 1942. É o autor de Décalogo
Poético (1979) e Transparência (poemas, 1984).
Na primeira foto pequena à direita: Paulo Tarso, Professor Munhoz, Luiz Alberto e César Bernardo em evento literário na Fortaleza de S. José - 2008 |
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ARRANCANDO A ÚLTIMA FOLHINHA
Há algum tempo os calendários
possuíam folhas destacáveis que eram retiradas a cada dia que passava. E quando
restava a última folhinha, a sensação de quem a arrancaria era cercada de
muitas expectativas. Agradecer pelos bons resultados alcançados? Retirar logo e
afastar o ano cheio de adversidades? Ou depositar todas as esperanças no
próximo ano, torcendo para que tudo saia conforme o planejado? Mas hoje, com
todos os avanços tecnológicos, isso só permanece na mente das pessoas - tudo é eletrônico,
digital... futurista!
Os tempos mudaram, mas as tradições
permaneceram: amuletos, crenças e
rituais ainda guiam a passagem de ano da maioria das pessoas. Do hábito de se
vestir de branco às oferendas para as entidades poderosas. A verdade é que
pouquíssimos resistem ao fato de que o não conseguido acontecerá no ano que
está chegando. Da mesma forma, a fé de que o sucesso será repetido com mais intensidade.
Mais ainda, tudo de ruim que poderia acontecer já passou - daqui pra frente é
só alegria. Haveria uma data mais apropriada para tudo isso?
A magia desta data transcende a
racionalidade. Imaginar que tudo mudará pelo simples encerramento de um ano e o
início de outro, beira a ingenuidade. Mas isso faz parte do comportamento
humano e já se internalizou nas pessoas do mundo todo. Nessas horas,
comprova-se que os sonhos e a esperança ainda mantêm o espírito de luta da
humanidade. Provavelmente é um dia em que todos apostam em algo, até mesmo os
indiferentes convictos, sem precisar pagar absolutamente nada por isso - e não
importa o local onde estarão!
Mas a vida impõe situações diferentes
aos seres humanos. Portanto, há os que desejariam
que este ano não acabasse nunca, movidos pelos inúmeros acontecimentos
positivos; mas, também, existem os que pedem clamorosamente pelo fim de tantas
dificuldades e tragédias pessoais vividas no período. Entre os dois extremos,
como sempre, há os que gostariam de mais alguns dias, um tempinho que fosse, já
que chegaram tão perto dos seus objetivos. No geral, entretanto, a alternância
de bons e maus momentos foi aceitável.
Como pode um simples gesto ou uma
passagem de um dia para o outro ser carregado de tanta esperança? Por que
depositar a realização de todos os sonhos e desejos na última volta do ponteiro
dos segundos do relógio? Inacreditável como um simples momento pode ter um
efeito terapêutico capaz de curar todos os males da humanidade, renovar a
disposição para fazer acontecer, automotivar de forma incontrolável, devolver a
autoconfiança perdida... pelo menos
por alguns instantes. Daí não ser incompreensível isso se chamar de "virada
do ano".
Normalmente o dia de balanço nos estabelecimentos
comerciais exibe um anúncio onde se lê "fechado para balanço". Com as
pessoas, ao contrário, este dia especial é totalmente acessível, espontâneo e
franqueado. O que menos importa é o resultado porque o ponto da virada está
logo ali - a chegada do Ano-Novo - para que as mudanças cheguem trazendo
alegria, saúde, felicidade, prosperidade e, por que não, quem sabe, a companhia
que sempre procurou. Então, dez, nove, oito, sete, seis, cinco, quatro, três,
dois, um... Feliz Ano-Novo a todos!
José Roberto T. Ichihara é engenheiro da Petrobras, cronista premiado e com mais de 300 textos
publicados no site
publicados no site
José Roberto T. Ichihara em visita à Biblioteca Pública Elcy Lacerda - Macapá-AP Dezembro/2012 |
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