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2 de jan. de 2006

POEMAS DE MAURO GUILHERME





Mauro Guilherme nasceu em 12 de julho de 1965, na cidade de Belém, Estado do Pará. Formou-se em Direito no ano de 1988 pela Universidade Federal daquele Estado. Advogado em Belém por três anos. Promotor de Justiça no Estado do Amapá a partir de 1991. Ocupou os cargos de Coordenador da Promotoria de Justiça de Macapá e é Assessor da Corregedoria do Ministério Público. É Promotor Titular da Promotoria da Infância e Juventude de Macapá e Membro da Associação Brasileira de Magistrados e Promotores da Infância e Juventude. Três vezes premiado no Concurso de Melhor Arrazoado Forense do Ministério Público daquele Estado. Tem pareceres publicados na Revista do Ministério Público do Estado do Amapá no. 01. Publicou os seguintes livros de poemas: “Reflexões Poéticas” (1998) e "Humanidade Incendiada” (2003). Recebeu Menção Honrosa no XI Concurso de Contos da Região Norte (2003), realizado pela Universidade Federal do Pará, com o conto “O Cavaleiro Marchador”, participando da antologia "XI Contistas da Amazônia-2003", resultante daquele concurso. Premiado em 4o. lugar no IV Premio Brito Broca de Literatura-2004, do governo de Guaratinguetá-SP, com a crônica “Carta a Uma Velha Amiga”. Tem como autores preferidos entre os brasileiros, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Augusto dos Anjos, Machado de Assis, Fernando Sabino e Luis Fernando Veríssimo, e entre os estrangeiros, Franz Kafka, Edgar Allan Poe, Oscar Wilde, Victor Hugo e Artur Conan Doyle. Além de escrever poesias, contos e crônicas, tem um romance inédito, o qual pretende publicar brevemente.
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CARAMURU SELVAGEM



O homem deve tratar os animais desta terra como seus irmãos. Pois o que ocorre com os animais, breve acontece com o homem. Ensinem as suas crianças o que ensinamos às nossas, que a terra é nossa mãe. Tudo o que acontece à terra, acontecerá aos filhos da terra (Cacique Seatle, Chefe da Tribo Duwamish, em Carta ao Presidente dos E.U.A. em 1855).


I


Mataste a terra,
Mataste o ar,
Mataste o índio,
Não cessando de matar.
Matando por brincadeira
E também por ambição:
Ave, onça, baleia,
Elefante, preguiça, Leão...
Nenhum animal te escapa,
A floresta grita em vão.
Quem há de te deter,
Senhor da destruição?
Armando-te todos os dias,
Com serras, machados,
Espingardas, tratores,
Causando imensas dores
Ao mundo natural,
Que te pede complacência,
Esquecendo a sua essência
De criatura anormal.


II


Mataste a terra,
Assassinaste os índios,
Espalhaste a poluição.
E a camada de ozônio,
Que grande preocupação!
A terra toda esquenta,
O clima enlouqueceu.
Mais louco ficaste ainda,
Na tua ânsia de acabar
Tudo que a natureza
Em milênios construiu,
Para que não reste mais nada,
Água pura em um só rio,
O peixe a nos alimentar,
E a fauna, e a flora,
Toda a vida que há,
No futuro reduzida
A tua presença vulgar.


III


Mataste a terra,
Rugindo como um leão,
Conquistador do planeta,
Sem nenhuma compaixão.
Mataste bicho, mata,
Atmosfera, rio, mar,
Contando todos os teus lucros,
Sem se preocupar,
Com as gerações futuras,
Que deverias salvar.
Deixando a terra seca,
De tanta queimação,
Desmatando às margens dos rios,
Numa louca ambição,
O que te faz muito pior,
Do que o pior ladrão,
Pois roubaste a esperança,
De um planeta em evolução.


IV


Homem,
Tu mataste a terra,
Mas ela pode ressuscitar.
Basta que recues um passo,
A cada ano que há,
Na tua indiferença
Com a natureza mãe,
Que só quer te embalar
No oxigênio da floresta,
Na água limpa do rio,
Na pureza do ar,
Na harmonia universal,
Mostrando o canto do pássaro,
O rugir de um animal,
Todos eles partícipes
Do equilíbrio natural,
Onde tens sido até agora,
O único irracional.



POESIA



Tomei da caneta.
São cinco horas da manhã.
O ventilador rangeu tanto que o desliguei.
Mas na minha janela fechada canta um pássaro.
É silêncio, é silêncio...
E o dia não raia.
Ouço o som de automóveis:
É a vida acordando!
E para quê?...
Hoje eu não verei o noticiário:
Quero ficar mais feliz!
Neste dia de poesia,
Quero ficar mais feliz!
Como aquele pássaro que cantou na minha janela fechada,
Lembrando-me que ainda há pássaros:
Por quanto tempo?...
E no fim do poema uma surpresa:
Começa a chover!
Ó Deus, como és bom!
A minha poesia não merecia este amanhecer,
Nem este homem os teus cuidados.
Canta, passarinho!
Cai, chuva!
Sonha, homem!...

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